terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pobre diversidade genética do lince Ibérico

Pobre diversidade genética do lince-ibérico
é característica com milhares de anos

Cientistas descobrem que exemplares com 50 mil anos têm a mesma diversidade que os actuais
Existem poucos mais de 200 exemplares de lince-ibérico (Lynx pardinus)

A baixa diversidade genética de uma espécie juntamente com o diminuto número de indivíduos e isolamento das populações, o que promove a consanguinidade, são as causas principais para uma rápida extinção. O lince-ibérico, (Lynx pardinus) o felino mais ameaçado do mundo – em estado de ‘perigo crítico’ – cumpre todos esses requisitos. No entanto, um grupo internacional de investigadores descobriu que a diminuta diversidade genética desta espécie não é recente, tem já, pelo menos, 50 mil anos.

Os cientistas analisaram o material genético de restos de linces ibéricos e descobriram que pelo menos nos últimos 50 mil anos a sua variabilidade genética foi sempre muito baixa. Assim, a actual ameaça não vem desse aspecto. O estudo está publicado na revista «Molecular Ecology».

Existem apenas duas populações de linces-ibéricos isoladas uma da outra, uma na Serra Morena (172 exemplares) e outra em Doñana (73), segundos os censos de 2010. No passado, até há aproximadamente 100 anos, este felino estava amplamente distribuída no território ibérico. A decadência populacional acentuou-se em meados do século XX.

A fragmentação dos habitats, um território cada vez mais urbanizado, a escassez de uma das suas presas favoritas, o coelho, e a caça foram factores determinantes para esta espécie se encontrar ameaçada.

O problema da variabilidade genética foi considerado tão sério que foi necessário levar um exemplar da Sierra Morena para Doñana, numa tentativa de promover uma maior riqueza genética.

Os investigadores explicam que centraram a sua análise genética na mitocôndria, mais propriamente numa zona altamente variável do seu genoma. Trabalharam com 51 restos, entre ossos e dentes, encontrados em diferentes sítios de Espanha. Os resultados mostram uma variabilidade igual à das populações actuais.

Os resultados foram uma surpresa para os cientistas, visto que sendo normal a baixa diversidade em animais em perigo de extinção, não é normal essa falta em exemplares mais antigos. Este resultado sugere que as populações de linces terão sido sempre pequenas.

Assim, uma espécie com uma pobre diversidade genética não está, forçosamente, condenada à extinção, pelo que esta característica não deve ser um obstáculo aos programas de preservação da espécie.



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