quinta-feira, 1 de março de 2012

Estação permanente mede radiação atmosférica nos Açores

O programa ARM foi lançado em 1990 pelo Departamento de Energia dos EUA


A ilha Graciosa vai ter em permanência uma estação para medição da radiação atmosférica, no quadro do projecto internacional promovido pelo Departamento de Energia dos EUA que visa a previsão do tempo e o estudo do clima.

“A estação vai permanecer de um modo fixo na Graciosa, o que é uma garantia para que a Universidade dos Açores possa também alargar a investigação e pesquisa e recolher elementos científicos que são bons para os Açores em termos de climatologia”, segundo afirmou José Contente, secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, no final de um encontro, em Ponta Delgada, com Kim Nitschke, do Departamento de Energia dos EUA, em que também participou o secretário regional da Presidência, André Bradford.

Instalada na ilha Graciosa em 2009, no âmbito do quadro do programa ARM (Atmospheric Radiation Measurement), a estação tem funcionado de forma experimental, mas ganhou agora o estatuto de permanente. A decisão envolve um investimento de 14 milhões de dólares que será suportado pelas autoridades norte-americanas, a que se associa o Governo Regional e a Câmara de Santa Cruz da Graciosa ao nível das facilidades de instalação e, eventualmente, na construção de algum edifício contíguo que possa funcionar como centro de divulgação da infra-estrutura e receção de cientistas ou investigadores.

A conclusão do processo que permitirá operacionalizar a estação deverá acontecer, segundo André Bradford, "no verão de 2013", devendo a estação permanente ficar localizada "na mesma área onde estava a estação móvel".

O programa ARM foi lançado em 1990 pelo Departamento de Energia dos EUA, tendo a estação da Graciosa sido instalada no início de 2009 para aproveitar a localização estratégica dos Açores e a sua centralidade no Atlântico Norte. Os dados recolhidos ao longo dos seus 16 meses de funcionamento permitiram criar a primeira estrutura climatológica vertical detalhada de nuvens baixas numa zona marinha subtropical.

A Graciosa foi escolhida como um dos cinco locais do mundo envolvidos no programa ARM para promover o aprofundamento da investigação do sistema estratiforme de nuvens de baixa altitude sobre os oceanos subtropicais. A sua baixa representação nos modelos climáticos, segundo os especialistas, causa grandes incertezas nas previsões de alterações climáticas.

A importância da estação açoriana resulta do fato de 70 por cento do planeta estar coberto por oceanos e, consequentemente, as nuvens marinhas serem o tipo mais comum de nuvens no mundo. A Graciosa, situada em pleno Atlântico, possibilita a oportunidade de realizar importantes observações de mais longa duração sobre as nuvens marinhas, sendo as medições recolhidas nesta estação usadas pelos cientistas para testar e validar simulações em computador.

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