segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Investigadores recriam canto de grilo do Jurássico

Cientistas tiveram em conta o ambiente acústico daquele período e local 





Não é fácil reconstruir comportamentos de espécies de animais já extintas, “principalmente no que se refere à natureza e origens da comunicação acústica”. Mas num estudo publicado agora na «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS), uma equipa de cientistas revela como seria o canto do Archaboilus musicus, um extinto Tettigoniidae (um tipo de grilo) que viveu durante o Jurássico, há 165 milhões de anos.

A investigação, que envolveu equipas chinesas, britânicas e norte-americanas, baseou-se na análise de vários fósseis “excepcionalmente bem conservados”. A partir da morfologia do seu aparelho estridulatório (que emite sons a partir da fricção de partes do corpo) e na comparação filogenética com 59 espécies atuais foi possível recriar o som.

A espécie jurássica, batizada como Archaboilus musicus, que habitou o que hoje são as florestas da China e da Mongólia, media sete centímetros e produzia um som para atrair as fêmeas para o acasalamento através do movimento das asas, semelhante ao que acontece com as espécies atuais.

Os investigadores tiveram em conta o ambiente acústico daquele período e local, onde existiam muitos animais que emitiam sons ao mesmo tempo.

Chegaram à conclusão que o primitivo grilo emitiria frequências simples e puras. Através da estridulação, dava a conhecer às fêmeas a sua posição e a sua capacidade física. Estas poderiam atender ou não à chamada.

Seguindo princípios biomecânicos descobertos há alguns anos, Fernando Montealegre-Zapata, da equipa de Bristol, descobriu que esse grilo tinha um tom agudo com uma frequência de 6.4kHz e que cada episódio de canto durava 16 milésimos de segundo. Esta informação foi suficiente para reconstruir o canto.

A análise paleobioacústica forneceu também uma perspectiva única sobre a ecologia do inseto extinto. Os investigadores escrevem que a sua comunicação estava perfeitamente “adaptada ao ambiente desordenado da floresta de coníferas e fetos gigantes do Jurássico Médio, onde répteis, anfíbios e mamíferos insetívoros teriam também ouvido o seu canto”.

Artigo: Wing stridulation in a Jurassic katydid (Insecta, Orthoptera) produced low-pitched musical calls to attract females

Fonte:www.cienciahoje.pt

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